segunda-feira, 8 de janeiro de 2018

UM TRAGO

VICTOR HUGO GALDINO

BLOG: sexoemesadebar.blogspot.com.br


Eu gosto da heroína que sai do seu corpo. Permita-me sentir o seu instante de loucura. Ácido. Turbulento. Confuso. Eu gosto quando você vibra em meio a minha amargura. 
Ilícito
Viciante. 
Temporário.

Eu te injetaria em minhas veias pra te sentir de perto. Vivo. Volátil. Denso. 
Você é o ácido que dança em minha língua, que me provoca alucinação, ilusão, euforia. É a fumaça que dança em meus pulmões, que confunde os meus alvéolos, que me provoca prazer.
Sincronizado
Viajante
Desconexo

Por você, meu bem, eu morreria sentindo o gozo da overdose que é sentir teu cheiro.




quarta-feira, 23 de novembro de 2016

ELA

VICTOR HUGO GALDINO
BLOG: sexoemesadebar.blogspot.com.br

Instintivamente ilícita, eis ela. Do seu sorriso adentro é possível ler decodificadamente o impulso sexual mais punk e musicável que já ouvi, sua alma é absolutamente melódica e intensa, doce e salgada ao mesmo tempo. Se o orgasmo pudesse personificar-se sua pele teria a textura mais descritível possível. Não só uma mulher, não só uma menina, não só, ela nunca é somente. Sua harmonia com o existir é tão levemente melancólica quanto ousada, suas expressões chegam a ser o mais puro e autêntico blues, quase dançável. Ela é o ápice, suave em sua plenitude, ácida em sua grandeza, moça você é o sol? Sua assinatura no mundo é o próprio existir: enigmática e sutil, suficientemente! Nem do lado direito, nem do lado esquerdo, apenas caminha em sua estrada multilateral e nada de gaiolas, por gentileza! O seu lugar é onde a liberdade mora, sua alma é livre e voa, voa alto, voa grande só pra contrastar com seu cabelo curto. Puro cheiro do desafio, o óbvio não a agrada muito, nem tente! E se ela me ler eu a leio, há conexão, há passado, há metafísica, há tudo bagunçado e mesmo assim ela permanece poetizável. Menina! Largue o volante de sua vida e beije-a, é somente isso que a vida quer de você.

terça-feira, 11 de outubro de 2016

CAPITÃO

VICTOR HUGO GALDINO & JULIANA COSTA
BLOG: sexoemesadebar.blogspot.com



O espaço era azul e estávamos mergulhados. Acima há um rosto escuro, solitário, frio, instigante e enquanto o corpo afunda a alma flutua. Qualquer sentimento se torna algo que não é, como se tudo intimamente nunca fosse algo claro. Nem o som, nem o silêncio e nem olhares moram por aqui. As ondas desse espaço explodem ininterruptamente de dentro para fora, entretanto é impossível senti-las ou toca-las. Daqui o céu se torna cada vez mais distante e opaco, todo segundo é seco e salgado. Os pensamentos se cruzam com as espumas na superfície e em seguida são jogados a beira mar. Esse lugar não tem mãe! Esse lugar não tem pai! Vejam comigo o quanto a existência é inconsistente.  Nem o amor, nem a dor ou o ódio moram por aqui, nem o próprio abandono conhece esse lugar, parece tudo muito sem sentido pra se chamar de recinto, pois não há proporção de espaço. Se aqui nada respira o que podemos chamar de vida? Não há tempo, nem lembrança e em um piscar de olhos a realidade renova-se, não há espaço pra esperança em um lugar tão distante. A claridade do sol está afastada e continuamos submergindo mais rápido, mais rápido... não há finito nesse declínio.  Talvez amanhã seja diferente, talvez haja algo a se dominar.  O solo aqui é cinza e toma conta de todo o meu campo de visão, percebo que aqui não há fortes risadas, mas para onde foram as dores daqui? Porém há poemas, há rochas esverdeadas, há brilho em todo o solo vindo de cima, nem a vida nem a morte passearam por aqui. Não é natureza, mas tudo consegue manter sua perfeita singularidade e até as rochas possuem aspecto de força. Atenção, pois a embarcação também está afundando e cada vez mais cinza e sem controle. Capitão, precisamos nadar até a superfície! Capitão, precisamos seguir a pouca luminosidade do sol! Capitão, onde você se encontra? Precisamos subir! A água desse lugar é amarga demais e está cegando os nossos olhos, precisamos largar a embarcação. Nos pavilhões desse lugar apenas os choros e as lamentações se tornam canções e não são afáveis!  Capitão, não se desespere se tentarem encontrar coerência em sua dor. 

segunda-feira, 19 de setembro de 2016

O ÚLTIMO SUSPIRO


Eu resolvi na serenidade do teu sorriso semear tudo aquilo que não se pode ver, desde então tudo se transformou em futuro. Notei os sintomas quando o mundo se tornou apoucado, quando a alma sentiu-se preenchida, quando os planos foram projetados nos olhares, quando os sorrisos se tornam pinturas eternizadas na mente, quando a mente e o coração não quiseram descansar. A solidão fugiu dos dicionários, das ruas, das casas, dos bares, de mim.  Corpos distantes, porém corações próximos, nem todo carinho é físico.  Eu sei, não precisa me dizer que o amor eterno é grande demais para mundo entender. É amor, e quem ama vive mais, afinal é o amor a principal fonte de energia da alma... Amar, amar, amar e amar, até que o último suspiro seja dado.


VICTOR HUGO GALDINO
BLOG: sexoemesadebar.blogspot.com.br

A DITADURA DA PUBERDADE


VICTOR HUGO GALDINO
BLOG: sexoemesadebar.blogspot.com

Que não ocorram sorrisos coletivos por obrigação, pois o vulcão que entra em erupção no meu intimo não tem nome nem pede licença ao chegar, entretanto é tão devastador quanto o Krakatoa, curioso em sua essência e pleno em sua grandiosidade.   
Meus hormônios teimosos explodem como uma larva que molda uma montanha, que molda o meu corpo, o meu senso e minha percepção. Minha gente tem medo de explosão, minha gente anda cabisbaixa, anda calada. Meu vizinho já não canta e minha tia já não usa os mesmo vestidos coloridos, tudo é cinza. Dentro de mim a liberdade se constitui e dança sobre meus impulsos sexuais aflorados, meu corpo holista é inédito e parece ter vida própria.
Ouço daqui gritos acorrentados, e eu continuo a explodir por dentro. Vocês que criaram o medo, façam-me o favor de descria-lo.
Neste momento minha avó olha tristonha, pela janela, o mundo se tornando preto e branco. Chorando ela observa de longe o sepultamento do excelentíssimo Senhor Sorriso. O sorriso morreu e quase ninguém percebeu, dizem que foi por conta de uma explosão, mas qual delas? Permitam-me falar sobre ele: Sorriso era um cara bacana, aspecto legal, livre, intensivo, não tinha moradia e tampouco residência fixa, vivia beirando e acampando entre uma boca e outra, feito andorinha voando de árvore em árvore. Agora, tão cedo, tão breve e o opaco seu corpo desce ladeira adentro em um caixão sem graça. Mas para onde foram todas aquelas risadas?
As asas do meu sabiá estão curtas enquanto as minhas tentam nascer, o meu pássaro azulão não cantarola e já não se ouve ninguém cantando o Cartola:

“Ouça-me bem, amor
Preste atenção o mundo é um moinho
Vai triturar teus sonhos, tão mesquinho
Vai reduzir as ilusões a pó...”

No trabalho ninguém canta, enquanto em mim existe uma imensidão artística tentando ser construída, mas lá fora a arte se cala. Na rua é choque, chibata, coice e grito. Tem choque pau de arara, coice e silencio.
Chora pobre cabocla, chora pobre menino, chora! Chora que suas lágrimas banharão essa terra seca de homens secos e seus prantos poderão ser ouvidos como música em todas as esquinas.  O que devo fazer com minha própria explosão para não ser explodido? 

Por favor, não me venha falar em carnaval desta vez e tampouco sobre futebol! O carnaval deste ano não tem samba, não tem preto sorrindo e nem mulata dançando. Aqui há muito gringo curioso, e ontem até chegou de avião um loiro alto chamado Sr. Repressão, ele é meio fechado, sem graça, não tem samba no pé nem coração.

quinta-feira, 6 de março de 2014

NESTAS LÍNGUAS


VICTOR HUGO GALDINO
BLOG: sexoemesadebar.blogspot.com

No reflexo, na sombra ou na lateral de um bom dia, feliz natal ou tchau guarda-se e aguarda-se um fluxo de confusões internas e simplesmente suficientes pra serem entendidas, ou devoradas. Que o atraso das questões irrespondíveis transformem-se em mais um patamar a ser vivido e provado, ambicionado e desejado como a sede de cada beijo. E foi tatuada na boca, no lábio superior uma mordida escrita e desenhada em língua francesa, alemã ou japonesa - não importa, era algo que dizia de modo tácito que temos uma vida inteira para ser vivida. Que a timidez sambe, dance, cante, grite e que o riso sinta o prazer do seu retorno, que falte ar, falte suor, falte tempo, porém nunca pode faltar motivo pra se gostar de alguém. E quando eu não me lembrar de absolutamente nada, existirá um porta retrato pendurado na parede do lado direito do meu pensamento com uma foto sua.



sexta-feira, 29 de novembro de 2013

SOFIA, MEU AMOR...

                             
VICTOR HUGO GALDINO
BLOG: sexoemesadebar.blogspot.com



Estou usufruindo de minha própria ousadia pra te escrever novamente. Foram tantas tardes alaranjadas e degradês que vivi a criança que até então não sou mais. Ainda posso sentir a água molhando e dançando sobre os meus pés enquanto seguia o percurso natural do riacho, sinto com a mesma propriedade que percebo minhas lágrimas molhando esta carta. Ser feliz deveria ser pra sempre, Sofia.  Escrevo dessa vez, pra contar que hoje senti sua falta. Hoje choveu, lembrei que você gostava da chuva, do cheiro dela, da paz e eu corri sobre o campo gritando seu nome, tentei procurar seu cheiro entre as gotas d’água que caiam em mim.  Às vezes eu esqueço que você não vive mais e essa estranha ideia me persegue, entretanto mergulho em mim ao lembrar que eram sorridentes, azuis e vivas as manhãs de domingo. Eu conseguiria compor a mais bela canção se tivesse a oportunidade de viver aquilo tudo novamente, de ser vivo novamente e te ter novamente. Agora é tudo escuro, sem ar, sem vida. Não me adaptei a minha própria existência sutil e solitária. É frustrante essa mania de achar que você vai voltar, eu não tenho a grandiosa noção que a morte representa. Não consigo aceitar a compulsiva ideia de que sua ida foi definitiva. Isso deve ser reflexo da saudade. Na verdade eu estou com saudade você, Sofia. Continuo a escrever com a esperança de que um dia você corresponda. A saudade de você está me corroendo por dentro me dando esperanças incoerentes. 
NOVEMBRO DE 2013